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A relação facilitador aluno nas turmas de Biodança deve ter todas as características de uma boa comunicação humana: sincera, natural, alegre. A atitude do professor deve ser cálida, afetiva, de contato. As formas tradicionais de relação autoritária devem ser excluídas ao máximo. O método de Biodança aplicado a crianças que apresentam problemas psicológicos e escolares, tem sido experimentado em grupos de crianças de 8 a 11 anos, com importantes rendimentos terapêuticos.
A maior parte das crianças de cidade apresentam transtornos caracteriológicos e crises de desenvolvimento. A Biodança eleva o nível geral de saúde. Os problemas mais freqüentes, observados em grupos de trabalho são os seguintes: timidez, ansiedade, tendências agressivas, transtornos de motricidade, anorexia, problemas psicossomáticos, irritabilidade, dificuldade de comunicação e conflitos com os irmãos, tais como: ciúme, competitividade, respostas regressivas. Com menor freqüência se apresentam os seguintes quadros: enurese, pavor noturno, fobias, sentimentos hipocondríacos de fragilidade, dislalia, tiques, tendências obsessivas, vômitos nervosos e diarréia nervosa. As crianças com disritmia e lesão cerebral mínima, podem participar, sem dificuldades, nos grupos de Biodança, com outras crianças que não possuam tais limitações. Os alunos que apresentam, baixo rendimento escolar, respondem bem a esta terapia, uma vez descartados possíveis transtornos sensoriais (miopia, hipoacusia).
A Biodança em crianças está destinada sobretudo a cumprir um papel psicoprofilático. Quando o adulto vai à consulta psicológica, encontra-se na maioria das vezes, já desesperado. A tarefa do terapeuta é dificultada e muitas vezes inócua. Evitar a catástrofe psicológica, fortalecendo a saúde integral durante a infância, é uma das tarefas de maior rendimento terapêutico, da mais imperiosa necessidade.
É fundamental que o facilitador aproveite as situações espontâneas que vão surgindo durante as vivências, pondo limites por um lado e dando lugar à espontaneidade, por outra. Assim, por exemplo, se duas crianças começam a lutar, pode-se ensinar a propósito a Dança do Tigre ou então na circunstância de alguns meninos lançarem-se ao chão, uma boa sugestão ao grupo, seria, realizar os exercícios de Elasticidade Integrativa no solo. Os grupos devem ser mistos, levando-se em conta que as motivações de meninos e meninas são diferentes, convém alternar exercícios em que se dá expressão aos sentimentos e à afetividade, mais próprios das meninas, com outros exercícios destinados a reforçar a identidade e o espírito de luta característico do sexo masculino. As danças rítmicas podem realizar-se sobre a fantasia de cerimônias indígenas primitivas. As danças circulares contribuem para integrar ambos os sexos e a desenvolver o espírito de camaradagem.
Algumas crianças apresentam resistência inicial para participar dos exercícios. Nestes casos não se obriga, mas se convida a apreciar a aula. É possível que depois de uma ou duas sessões o aluno se integre espontaneamente ao grupo. No início, todos os alunos fazem exercícios simultaneamente, já que ao realiza-lo de forma isolada se inibem. Os exercícios devem ser progressivos, porém bem realizados, desde o início, ampliando os movimentos lentos para induzir à imitação, tendência natural da criança.
É importante utilizar as tendências lúdicas das crianças, seu gosto pelos exercícios de equilíbrio e destreza em danças com saltos, corridas e ímpeto vital, ministrando desta forma várias brincadeiras e jogos durante as aulas. Não há explicações teóricas; só algumas indicações para motiva-los. Aprender a diferenciar os exercícios ativadores, despertadores (identidade) daqueles tranquilizadores, suaves e harmônicos (transe), é uma das poucas indicações importantes
Os exercícios em pares de dar e receber carícias no rosto e nos cabelos, podem apresentar dificuldades. Algumas crianças aceitam receber carícias, porém possuem dificuldades em dá-las ou o inverso. Nestes casos, é estimulado o "dar e receber". As vivências de sensibilização são muito importantes para a harmonização e reequilíbrio das emoções. Somente depois dos exercícios de sensibilização as crianças são capazes de realizar danças criativas. Muitos exercícios são demonstrados em etapas como os de fluidez.
Algumas crianças opõem resistência para fazer os exercícios com os olhos fechados. Então é solicitado que se mexam cobrindo os olhos com as mãos. Os exercícios de Elasticidade Integrativa são realizados com música rápida no inicio, porém posteriormente usam-se músicas lentas. As Danças de Animais, utilizadas nos grupos de adultos, como por exemplo os quatro arquétipos: Hipopótamo, Serpente, Garça e Tigre, juntam-se as do elefante, macaco, cavalo, sapo, coelho e cachorro.
A sessão de Biodança para crianças dura em média cinqüenta minutos, com freqüência de uma ou duas vezes por semana. O Programa Básico contêm exercícios que seguem um catálogo de músicas especialmente selecionadas para cada vivência, de acordo com uma criteriosa metodologia de semântica musical de Biodança. Tais informações são acessíveis apenas aos profissionais habilitados da área.
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Biodanças para crianças com Sindrome de Down |
A aula de Biodança, deve oferecer um ambiente nutritivo e acolhedor onde a criança é aceita como ela é. Através da música, do canto, do movimento, e dos exercícios em grupo, elas vão se soltando, se expressando, se apresentando ao mundo com prazer e alegria.Vão tendo a permissão de ser! Aprendem a conviver com harmonia, a dar e a receber afeto. Com alegria e descontração vão sendo também trabalhados de forma integrada: o esquema corporal, a coordenação motora, a integração afetivo-motora, a linguagem, o ritmo, a socialização, aspectos afetivos e emocionais; enfim, os vários aspectos importantes de seu desenvolvimento.
As crianças compartilham de momentos alegres e prazeirosos com seus colegas, onde se sentem acolhidas, valorizadas, onde aprendem a superar suas limitações, cada uma a sua maneira, expressando seus potenciais.
É importante que o grupo tenha uma "certa homogeneidade", pelo menos em relação à capacidade das crianças em compreender as consignas e seguir orientações, e ao interesse nas atividades. À medida que vamos conhecendo melhor cada criança, temos melhores condições de colocá-la em grupos que facilitem mais sua evolução. A ajuda de uma pessoa que lide com as crianças (uma professora por exemplo, no caso de escola) pode ser muito valiosa.
Os grupos regulares devem variar de 8 a 12 crianças, com idade mínima de 5 anos. Grupos muito pequenos geram pouca energia; e com muitas crianças, fica impossível dar uma assistência adequada à cada uma delas. É imprescindível a presença de outros adultos atuando como co-facilitadores, que darão assistência mais individualizada a determinadas crianças, e ao grupo como um todo. A média é de 3 crianças por facilitador.
A sala de Biodança, deve ser acolhedora; porém sem nenhuma estimulação. As crianças se dispersam com muita facilidade com qualquer coisa. Muitas crianças adoram mexer no aparelho de som e nos discos. Temos que colocar limites desde o início, para que entendam que não podem mexer no equipamento. Algumas aprendem mais devagar, mas com o tempo, todas se concentram mais nas aulas, diminuindo a dispersão.
Nas instituições, uma sala apropriada se torna mais difícil, pois os espaços, de modo geral, são utilizados por vários profissionais que lidam com crianças.
As aulas de Biodança devem ter em média a duração de 50 minutos. As sessões que incluem vivências de expressão pelo desenho, colagem, argila, etc.podem demorar um pouco mais. Um fator importante na estruturação da aula é a simplicidade, dando foco nos exercícios básicos das linhas de vivência. A repetição é um elemento fundamental no trabalho, que deve estar mais presente, principalmente no início do grupo, podendo depois ser mantida de forma dosada, de acordo com as respostas das crianças.
Elas se soltam mais quando estão em um universo conhecido, familiar. Necessitam se sentir seguras, protegidas. O novo as ameaçam, estimulando suas defesas. Pequenas alterações como música que não conhecem, vivência que nunca fizeram, seqüência diferente dos exercícios, disposição da sala, adultos novos acompanhando as aulas, etc. necessitam de tempo para serem incorporados.
Quando as aulas apresentam uma curva de desenvolvimento relativamente estável, com a repetição de algumas vivências e músicas, as crianças se sentem mais seguras e se permitem expressar com maior desenvoltura. A repetição também auxilia a criança a se situar melhor dentro da sessão: adquirem noção de continuidade, de tempo, sabem quando a aula já está para terminar e aceitam com mais facilidade as vivências que estimulam maior entrega. Através da repetição as crianças vão aprendendo devagar a " hora de ativar" e a "hora de relaxar".
As primeiras aulas de Biodança são destinadas a criar um clima comunitário e definindo os novos padrões de respostas dos exercícios, fixando a estrutura da aula, que deve ser repetida, de uma maneira semelhante, durante 8 a 10 sessões, com os mesmos exercícios, as mesmas músicas na mesma seqüência. Esta primeira etapa permite a criança sentir-se segura e feliz, dentro daquilo que ela já conhece.
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Biodanças para crianças autistas |
Hipóteses
O autismo infantil tem como base uma alteração na região límbico hipotalâmico e nas vias córtico diencefálicos, que bloqueiam os sentimentos de afeto e comunicação. Esta anomalia pode surgir através de uma predisposição hereditária, convergente com fatores ambientais no decorrer dos primeiros meses de vida. A ação terapêutica, no entanto, deverá ser dirigida no sentido de uma ativação global da região límbico hipotalâmico, estimulando respostas de comunicação, cinestésica , afetivas e eróticas.
Proposta da Biodança
1) Local acolhedor, uma sala espaçosa, arejada, bem iluminada de preferência com piso de madeira, sendo que as atividades são realizadas eventualmente ao ar livre na grama e também em piscina aquecida. Objetos intermediários: um bom aparelho de som, colchonetes, bolas de tênis, etc.
2) Atividades progressivas que propõe, inicialmente contatos corporais aparentemente casuais, sutis e breves.
3) Massagear as costas e as solas dos pés com as bolas de tênis.
4) Massagem com as mãos, inicialmente de uma pessoa com quem estabelece-se a troca, posteriormente, realizado por várias pessoas.
5) Jogos de contato: pronunciar frases com sentido de afeto, ao mesmo tempo em que a criança toca a garganta do professor, percebendo as vibrações das cordas vocais. Em seguida invertendo as posições.
6) Acariciamento: a criança deve aprender a receber carícias, desde que surja espontaneamente seu desejo de dar carícias.
7) Brincadeiras de roda, danças integrativas (dança grega, ciranda nordestina, danças circulares, danças sagradas), rodas de comunicação criativa e afetiva.
8) Seguir o ritmo da melodia com movimentos de cabeça e pescoço, depois, ombros e braços e em seguida quadris e membros inferiores, posteriormente integrando os três centros em movimentos suaves.
9) Acalentar a criança em um berço humano. Exercícios de contato afetivo, seguidos de ativação gradativa. Utilização de música rítmica e melódica, com volume médio.
10) Alcançado um estágio mínimo de comunicação verbal e corporal, é feita a integração de maneira progressiva, a um grupo de crianças normais. A estrutura do grupo seria em média de: 4 crianças autistas; 8 crianças normais, com 1 facilitador e 5 monitores dando apoio.
Conclusão
Esta enfermidade é, por excelência, a enfermidade do contato e da comunicação. É o exemplo mais significativo da relação neurológica que existe entre afetividade, contato corporal e comunicação. Esta função bloqueada no portador de autismo, não é uma anomalia do córtex, como ocorre no caso de uma criança deficiente mental. É uma típica disfunção das estruturas límbico hipotalámicas, que são as fontes biológicas das emoções.
O autista é capaz de entender apenas emoções "simples, fortes e universais", como as de uma criança, mas fica confusa com as mais complexas. "A Principal emoção de um autista é o medo, o mais primitivo dos sentimentos humanos".
A enfermidade está constituída pela repulsa ao contato, a carícia, a tudo que está relacionado a demonstração de afetividade humana. A boa saúde representa a recuperação da necessidade de contato e não apenas, um processo formal de socialização. O autismo é uma síndrome que concentra as mais profundas reflexões sobre o valor terapéutico das carícias.
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Biodanças para crianças com esquizofrenia |
Observações clínicas mostram que o processo esquizofrênico pode iniciar-se nas crianças na mais tenra idade.
Os sintomas evoluem em escala progressiva , e estão descritos dentro de 5 funções fisiológicas:
1) Mecanismos homeostáticos.
2) Estados de consciência e padrões de sono e vigília.
3) Padrões de respiração.
4) Tônus muscular.
5) Reflexo tônico do pescoço, no qual localiza-se a base de todo o comportamento motor. |
A esquizofrenia infantil está relacionada com um defeito primitivo no sistema nervoso, que tem sua expressão clínica em uma desarmonia na organização das funções orgânicas, constituindo, portanto, uma anomalia primária. Deste modo, essas anomalias dificultariam progressivamente na criança a organização de sua personalidade e dos meios de comunicação. A ansiedade resultante dessa desorganização, seria o elemento essencial do quadro clínico que se traduz por desvios biológicos e pela instabilidade das funções orgânicas.
As crianças esquizofrênicas não rejeitam totalmente a convivência social e apresentam, com freqüência, certa necessidade de contato. Muitas vezes reagem com medo, frente a pessoas estranhas.
A própria vivência da criança psicótica, constitui o ponto central do delírio. Na realidade, a mímica estranha, a conduta esquisita, são manifestações do entendimento irreal do mundo. |
O quadro clínico de esquizofrenia infantil possui as seguintes características: |
1) Transtornos das relações com o exterior:
Tendência a um isolamento progressivo, sem sofrimento.
Estas crianças excluem as diversões em grupo.
Ambivalência afetiva, que vai entre a hostilidade e a dependência de objetos e pessoas. |
2) Transtornos de conduta:
Afetamento, negativismo, comportamento oposicionista, fobia de amimais, ritualismo, rigidez, estereotipias gestuais e verbais.
Os componentes fóbicos interferem na conduta alimentícia, vestimenta e jogos.
Crise compulsiva de destruição, agressão e crueldade.
Negligência em relação a vestimenta e ao asseio corporal. |
3) Transtornos na ordem do pensamento:
Lentidão,falta de fluidez.
Pensamento confuso.
Dispersão das idéias.
Lapsos de memória. |
4) Alterações no comportamento:
Transtornos de humor, que vai desde a depressão até a hiperexcitação exacerbada.
Alucinações de morte e auto-flagelação e às vezes tentativa de suicídio. |
5) Sentimentos e estados delirantes:
Geralmente surgem em crianças maiores de 6 anos, embora podendo ocorrer em qualquer idade.
Perda da noção de realidade.
Despersonalização.
Ocorre com freqüência, sensação corporal de transformação.
Sentimento de perda da identidade. |
6) Desorganização psicomotora:
Atitudes incovenientes, manias, gestos esteriotipados.
Atividades em forma de ritual, desaceleração ou hiperatividade psicomotriz. |
7) Transtornos de linguagem:
Mutismo total ou parcial.
Dificuldades com o uso de pronomes.
Linguagem simbólica, desordenada e confusa.
Utilização de palavras estranhas.
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As crianças portadoras de esquizofrenia, possuem uma dificuldade muito grande para disernir entre realidade e fantasia. Estas crianças, com freqüência, não tem noção de sua identidade e de seu limite corporal.
As possibilidades de recuperação é significativa desde que haja empenho e muita dedicação dos pais e mestres. |
Do ponto de vista da Biodança, um esquema especial ideal teria predomínio de exercícios de reforço de identidade, expressão e criatividade. Vivências de cantar o próprio nome, oposição, fluidez, enfrentamento, exercícios rítmicos e rodas de comunicação são bons exemplos. Deve-se dar ênfase especial aos exercícios de afetividade e acariciamento. Exercícios inadequados para este caso, são todos aqueles que induzem a regressão e a estados de semi transe.
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Os objetivos clínicos da Biodança: |
1) Superar os transtornos motores, aumentando a fluidez, coordenação motora e espontaneidade expressiva.
2) Reforçar a identidade da criança.
3) Estimular a percepção e o limite corporal.
4) Aumentar a percepção cinestésica integrativa.
5) Elevar os níveis de comunicação com o grupo.
6) Estabilizar o estado de ânimo, induzindo a alegria natural.
7) Despertar os impulsos afetivos de amizade, amor e solidariedade. |
Esta metodologia deve ser ministrada de forma lenta e gradual, através de um processo de tratamento que poderá levar vários meses sem, no entanto, excluir nenhuma outra forma de terapia a que a criança esteja sendo submetida. |
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