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Público > Casais Gravidos |
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Proposta
Grupos que se constituiem por uma período de 07 encontros, sendo uma vez na semana durante 03 horas. Número mínimo 04 casais.
Para compreenderem-se sobre a construção psíquica do seu bebê, a importância do vínculo afetivo no primeiro e segundo ano de vida para o resto da vida do bebê. O Aleitamento e nutrição afetiva. Com teoria e vivências.
Desenvolvendo e sensibilizando o casal, consigo mesmo, um com o outro, ambos com o bebê que está prestes a chegar, e a inserção do filho no mundo, ampliando a visão. O vínculo afetivo do par.
O vínculo afetivo com o filho.Conhecer a importância do primeiro e segundo ano de vida do bebê.
Increva-se
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O Aleitamento |
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O aleitamento não se limita ao físico, mas tem importante função emocional, o seio exprime aconchego, segurança, abrigo. Na fase oral é estruturante para a personalidade do indivíduo.O ato de sucção passa a ter, por si mesmo, valor capital, de maneira que o fator alimentar se estabelece como desejo secundário.Crianças depois de alimentadas, continuam a sugar o seio, sem nada extrair, só pelo prazer da sucção, evidenciando a volúpia sexual.Que a sucção possui a sua própria finalidade, prova-o a persistência com que se perpetua na idade madura. |
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Principio do prazer, da realidade e da constância |
Originalmente, o princípio do prazer era o princípio do prazer-desprazer, sendo que o prazer era produzido pela redução ao mínimo da tensão energética.
Mais tarde, Freud descreve aumentos de tensão que eram agradáveis, prazerosos (como por exemplo a própria tensão sexual, cujo acúmulo progressivo não é acompanhada por nenhuma sensação de desprazer, ainda mais quando se conta com a possibilidade de satisfação futura), e também, nos últimos anos de vida, considerou variações na estrutura da energia, como por exemplo o ritmo, responsável pela percepção qualitativa do prazer.
O princípio do prazer é um elemento regulador dos processos primários, está necessariamente articulado ao princípio da realidade. Com efeito essa descarga explosiva, brusca, reflexa, provocada pelo princípio do prazer vai, à medida que o aparelho entra em contato com a realidade, se protelando, se inibindo, aceitando alcançar sua finalidade e seu objetivo num período de tempo mais longo. Como se observará, o princípio da Realidade é um desenvolvimento e um aperfeiçoamento do princípio do prazer.
Com o nome de Princípio da Constância, Freud se refere a uma certa faixa de ótimo funcionamento que o aparelho tende a manter. O princípio da constância é um correlato do princípio da homeostase biológica.
O princípio do Prazer expressa essencialmente a idéia de que a catéxia pulsional tende a se satisfazer de modo imediato. Por isto, Freud o comparava a um processo “plano”, querendo assim dizer que o rolar de um pequeno objeto sobre uma superfície lisa se faz rápida e bruscamente, sem obstáculos à sua passagem. Estas são as características da “realização alucinatória de desejos”, modelo sobre o qual estão constituídos os sonhos, as fantasias, o nível ilusório e os delírios. Mas essa realização de desejos é uma realização decepcionante, desapontadora, porque se satisfaz com um objeto “representacional” ou psíquico. Não existe situação duradoura quando se persiste na ignorância ou no afastamento da realidade. Por isto, o Princípio da Realidade é o conceito que exprime a modificação da realização alucinatória dos desejos em realização na realidade concreta e objetiva. Em conseqüência, o Princípio da realidade é uma modificação do Princípio do Prazer, imposta pelas condições reais do mundo externo.
O conceito do prazer está perfeitamente articulado com o Processo Primário, com a Energia Livre e com o de Identidade de Percepção. Por outro lado, Realidade está articulada com o Processo Secundário, com Energia Ligada e com Identidade de Pensamento. Em termos do Primeiro Tópico, o Princípio do Prazer, com todas as suas séries articuladas, corresponde ao Inconsciente e o Princípio da Realidade ao Consciente. Em termos do Segundo Tópico, esta primeira série (Princípio do Prazer, Energia Livre e Processo Primário) corresponde ao Id e à parte inconsciente do ego. A Segunda série (Princípio da Realidade, Energia Ligada e Processo Secundário) corresponde ao Ego consciente.
A compulsão de repetição segue a tendência a livrar o aparelho psíquico de estímulos instintivos perturbadores, mantendo-o livre de excitação, num estado de baixa tensão.
Esta compulsão de repetição, comum a todos os instintos – o princípio do prazer governa a vida instintiva que se opõe ao princípio da realidade. Continuamente fazemos concessões à realidade, isto envolve, retardar a gratificação ou mesmo renunciar a ela. O princípio da realidade serve aos interesses do ego.
Resumindo:
Sistema Inconsciente – Processo Primário – Energia livre – Princ. Prazer –
Sistema Pré-consciente – Processo Consciente - Secundário - Energia ligada – Princípio da Realidade –
Os processos primário e secundário são ainda respectivamente correlativos do princípio do prazer e do princípio de realidade, isto é, enquanto os processos inconscientes procuram a satisfação pelo caminho mais curto e direto, os processos conscientes, regulados pelo princípio de realidade, são obrigados a desvios e adiamentos na procura de satisfação, na correlação acima.
A realidade é aqui concebida como o conjunto do meio físico e social, e o princípio de realidade é o seu guardião contra as alucinações do processo primário. Mas o predomínio do princípio de realidade sobre o princípio de prazer é ilusório. Escreveu Freud:
“Na realidade, a substituição do princípio de prazer pelo princípio de realidade não implica na deposição daquele, mas apenas sua proteção. Um prazer momentâneo, incerto quanto a seus resultados, é abandonado, mas apenas a fim de ganhar, mas tarde, ao longo do novo caminho, um prazer seguro”. (Freud, ESB, v.XII,p. 283).
“O máximo que se pode dizer, portanto, é que existe na mente uma forte tendência no sentido do princípio de prazer, embora essa tendência seja contrariada por certas outras forças ou circunstâncias, de maneira que o resultado final talvez nem sempre se mostre em harmonia com a tendência no sentido do prazer.” (Freud. ESB, v. XVIII, p. 20).
“Chegamos agora a um fato novo e digno de nota, a saber, que a compulsão à repetição também rememora do passado experiências que não incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca, mesmo há tanto tempo, trouxeram satisfação, mesmo para impulsos pulsionais que desde então foram recalcados.” (op. cit.p. 34).
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Os instintos sexuais, a libido e o desenvolvimento psiquico |
Os instintos sexuais são considerados instintos de vida, possuem uma fonte, uma meta e um objeto e tem natureza endócrina. O instinto é sempre ativo, a meta é obter gratificação através de uma ação adequada.
A libido é um conceito biológico para designar a energia dos instintos sexuais, ou seja, de certos processos bioquímicos. Os instintos sexuais são de natureza somática. A libido é sujeita a um processo de desenvolvimento na fase oral, anal, fálica, latência, complexo de édipo, complexo de castração, puberdade.
Tentaremos um resumo esquemático do processo de desenvolvimento do ego, da libido, da estrutura do caráter.
EGO DA REALIDADE
DEFINITIVA
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EGO DA
REALIDADE
PRIMITIVA
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EGO
ARCAICO
______________
EGO
CORPORAL
______________
ESTÁGIO PRÉ-GENITAL ESTÁGIO GENITAL (EDIPIANO)
AUTO ERÓTICO RELAÇÕES OBJETAIS
ORAL ANAL FÁLICO GENITAL
Narcisismo Controle Competição Parceria
Manipulação Castração Amadurecimento
Descontrole
RESUMO:
MOTIVAÇÃO PRIMÁRIA X CONTRA MOTIVAÇÃO |
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(FANTASIA, DESEJO OU MEDO) |
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CONFLITO
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MECANISMOS DE DEFESA DO EGO |
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Formação de sintoma |
Conflito resolvido |
- Inibição
- Traço de carater patologico
- Função parcial e gratificação parcial mantidas
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- Função e gratificação preservadas
- Traço de caracter saudável se desenvolve preservado
- Traços de consciência
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Estruturas de Caráter |
ORAL |
Oral receptivo
Sublimação estagio da sucção |
- Cordialidade
- Otimismo
- Generosidade
- Esperam que o mundo inteiro os acolham e adote como filhos
- Se frustrados, tornam-se pessimistas, parece que o mundo desabou
CARÁTER AGRESSIVO ORAL
(Sublimação do estágio de morder)
- Irônico, mordaz
- Crítico e auto-crítico
- Inveja
- Agressividade ou baixa agressividade eficaz
- Ambição
- Tendência para explorar os outros
- Pouco receptividade
- Não cede, não se entrega
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ANAL |
Caráter anal |
- Ordem e arrumação ostensiva
- Servilismo, submissão
- Tende colecionar coisas
- Parcimônia ou avareza
- Pensa ruminando
- Culpar-se por tudo e faz tudo com esforço
- Baixa agressividade emocional
- Tende provocar situações limites para justificar as expressões impulsivas e agressivas
- Pouco flexível corporalmente
- Auto-deteriorização e auto-depreciação
- Sensação crônica de sofrimento
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FÁLICO |
Fálico e narcisista |
- sexo usado c/meio de vingança
- Presunção e agressividade corrosiva
- Tendem alcançar posições
- Auto confiança constituí a defesa contra o medo
- Ambicioso
- Mostra-se excessivamente autoconfiante e arrogante
- Comportamento frio e reservado ou desdenhosamente agressivo
CARÁTER URETRAL
- Tem uma ambição devoradora e necessidade de se vangloriar de suas realizações
- É impaciente, existe com freqüência uma história de enurese noturna para além da idade normal.
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GENITAL |
Caráter maduro ou genital |
- Deixou de ser dominado pelo princípio do prazer
- Revela traços característicos dos estágios precedentes, mas numa combinação que propicia um máximo de eficácia
- Caráter maduro é capaz de cuidar ou de contribuir para o bem estar de outrem
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Fase oral, a libido está ligada aos instintos de autopreservação, especialmente com a pulsão da alimentação. O seio materno no período inicial da vida do bebê em estado simbiotíco é tido como pertencente ao ego da criança e não como objeto externo. Assim, a primeira fase oral da organização da libido não possui objeto, ela é narcísica. A fase oral, em que o objeto desejado é “destruído”, é chamada de canibalística. No início da vida, a criança experimenta a sensação do desamparo, assim a criança se liga à mãe e se funde com ela.
Dois fatores que dirigem a libido aos objetos: primeiro, a dupla função de muitos órgãos, através da qual uma necessidade fisiológica e um instinto parcial da zona erógena correspondente podem ser satisfeitos simultaneamente, em segundo, o desamparo da criança, que dá origem à necessidade de se dirigir à pessoa que lhe cuida.
O objeto que dá prazer é incorporado e destruído, já existem aí, na forma embrionária, as condições preliminares que, no correr do desenvolvimento normal, devem levar a libido ao encontro de objetos no mundo exterior.
A fase anal-sádica é a Segunda fase pré-genital da sexualidade infantil (situada entre os dois e os quatro anos, aproximadamente). É caracterizada por uma organização da libido sob o primado da zona anal e por um modo de relação de objeto que Freud denomina “ativo” e “passivo”, referindo-se as energias masculina e feminina posta em operação pelo instinto de domínio, por intermédio da musculatura somática, ou seja a mucosa erógena do ânus. Esta fase está impregnada de valor simbólico, sobretudo, ligado às fezes. Tal é o caso da significação de que se reveste a atividade de dar e receber ligada à expulsão e retenção das fezes. (Fezes e o dinheiro é um exemplo).
Fase fálica apontada em 1923 por Freud corresponde à organização da libido que vem depois das fases oral e anal, na qual já há um predomínio dos órgãos genitais. Apresenta um objeto sexual e alguma convergência dos impulsos sexuais sobre esse objeto. O que distingue fundamentalmente da fase genital madura é que nela a criança reconhece apenas um órgão genital: o masculino. Nela a oposição entre os sexos é caracterizada pela castração, isto, pela distinção fálico-castrado. Assinalando a idéia do primado do falo.
- A libido é de “natureza masculina, tanto na mulher como no homem”;
- “A zona erógena diretriz da criança do sexo feminino é localizada no clitóris, que é o homólogo da zona genital masculina (glande)”.
A importância da fase fálica está ligada ao fato de que ela assinala o ponto culminante e o declínio do complexo de Édipo pela ameaça da castração. No caso do menino, a fase fálica se caracteriza por um interesse narcísico que ele tem pelo próprio pênis em contraposição à descoberta da ausência de pênis na menina. É essa diferença que vai marcar a oposição fálico-castrado que substitui, nessa fase, o par atividade-passividade da fase anal. Na menina, essa constatação determina o surgimento da “ inveja do pênis” e o conseqüente ressentimento para com a mãe “ porque esta não lhe deu um pênis”, o que será compensado com o desejo de ter um filho.
É com o início da puberdade que o desenvolvimento da sexualidade começa a tomar sua forma adulta. As pulsões sexuais são marcadas por uma forma auto-erótica de obtenção de satisfação, encontram um objeto sexual em função da combinação das pulsões parciais sob o primado da zona genital. A primazia genital não resulta da importância da função reprodutora, mas, ao contrário, resulta do privilégio da zona genital na ordem da inscrição do prazer. A estimulação apropriada de uma zona erógena sempre produz prazer, o qual provoca um aumento de tensão que é responsável pelo desencadeamento da energia motora visando à descarga da tensão que no adulto ocorre pelo orgasmo.
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Esquema resumido do conflito Edipiano |
Freud, entende que a masculinidade e feminilidade são formadas a partir do momento do reconhecimento da diferença genital.
O significado para o menino é de que o pênis pode ser extirpado;
Para a menina é de lhe faltar algo;
A inveja desencadeia o complexo de édipo da menina que 1º deseja a mãe, 2º o pai em substituição, por possuir um pênis, 3º deseja ter um filho com o seu pai e 4º ter um homem seu, 5º ter um filho.
O complexo de édipo do menino é 1º o desejo pela mãe, 2º reconhece a lei do pai e se identifica com ele para conquistar uma mulher como sua mãe, interioriza os valores da genitora.
A ameaça de perda está associada à proibição do incesto.
Para a menina não há ameaça, já que ela nada tem a perder.
O complexo de castração se refere a toda a constelação de processos mentais ao redor deste reconhecimento que inicia a distinção entre os sexos.
Masculino e feminino para Freud se referem ao modo como cada um lida com esse reconhecimento da diferença.
A formação do superego é o herdeiro do complexo de édipo
Freud sugeriu que a escolha de um objeto de amor na vida adulta, o próprio relacionamento amoroso e a natureza de todos os outros relacionamentos objetais dependem primariamente da natureza e qualidade dos relacionamentos da criança durante os primeiros anos de vida. Ao descrever as fases libidinais do desenvolvimento psicossexual, fez repetidas referências à importância dos relacionamentos das crianças com seus pais e outras pessoas significativas no ambiente.
A publicação de “O Ego e o Id” , em 1923, representou uma transição no pensamento de Freud, do modelo topográfico da mente com o modelo estrutural tríplice de ego, id e superego. Ele observou repetidamente que nem todos os processos inconscientes podem ser relegados à vida instintual da pessoa. Elementos da consciência, bem como as funções do ego, também são claramente inconsciente.
FINALIDADE BIOLÓGIA DO DESPRAZER
Sempre que existe algum risco de dano físico ou psíquico, o organismo entra em estado de alerta, arregimentando todas as suas estruturas para reparar a situação anti-vida e, toda esta movimentação, via de regra, acontece de forma ruidosa, chamando a atenção do homem para aquele problema em particular.
Biologicamente, através das inúmeras etapas evolutivas dos animais dotados de hipotálamo, o desprazer tem funcionado também como um catalizador de modificações e adaptações do organismo a desafios e situações que representem risco à vida ou à perpetuação da espécie
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Mobilização do organismo para o retorno à saúde. |
Finalidade biológicas do desprazer |
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Catalizador de modificações e adaptações evolutivas. |
Existem outros aspectos do desprazer: estudos comportamentais e mais recentemente, pesquisas neurofisiológicas, indicam que o reforço negativo, estimula o centro nervoso da punição, localizado no hipotálamo, podendo originar um sentimento de desqualificação, de incapacidade e de insegurança. Além de estimular a agressividade não saudável e interferir nas funções cognitivas, como por exemplo, a aprendizagem, o reforço negativo pode chegar a prejudicar ou impedir o homem de vivenciar o prazer.
REFORÇO NEGATIVO:
- estimula o centro de punição
- pode trazer sentimentos de incapacidade, desqualificação e de insegurança
- pode estimular a agressividade não-saudável
- pode interferir negativamente nas funções cognitivas
- pode inibir os centros de recompensa e o centro de prazer.
Alguns notas relacionadas com neurotransmissores e centro de recompensa/punição:
1 - Experiências realizadas com macacos, mostraram que existem centros de recompensa ou satisfação e centros de punição ou aversão, localizados no hipotálamo. A estimulação elétrica dos centros de recompensa trazia reações de bem-estar e satisfação ao animal, enquanto a estimulação elétrica dos centros de punição, acarretava reação de terror, dor, medo, raiva, defesa, reações de fuga e todos os outros elementos da punição. A estimulação do centro de punição pode, muitas vezes, inibir irreversivelmente os centros de recompensa e prazer, completamente.
2 – A administração de tranqüilizantes inibe os centros de recompensa e punição, reduzindo, assim, muito a reatividade afetiva do animal.
3 – Portanto, acredita-se que o sistema de norapinefrina – noradrenalina – em particular, e , talvez, também, o sistema de serotonima, normalmente funcione para produzir pulsão motora para o sistema límbico, para aumentar a sensação de bem-estar da pessoa, gerar felicidade, contentamento, desejo sexual adequado e equilíbrio psicomotor. Apoiando esse conceito, existe o fato de que os centros de prazer e de recompensa do hipotálamo e áreas adjacentes recebam grande número de terminações nervosas dos sistema de norapinefrina.
(Compilado do Livro Neurociência Básica, de Arthur C. Guyton).
Desprazer
Vocábulo que tem um significado popular amplo, como desconforto, dor, necessidade vital não satisfeita, frustração, se faz presente desde o nascimento ou possivelmente antes dele.
Melanie Klein, psicanalista infantil, salienta que: “o corpo, lugar do prazer, é também o lugar por onde entra a frustração (o seio que se retira prematuramente, a mãe que se afasta do berço), a angústia, a culpabilidade, o medo, numa palavra, os sinais de pulsão da morte.”
Acontecem, em nossas vidas, a dor, o caos, a frustração, que são, em geral, um desafio e um prenúncio do novo; eles exercitam a nossa capacidade instintiva e criativa de procurar soluções e de voltar à normalidade.
Os limites amorosos, que nos são colocados pelo outro, quantas vezes nos trazem profunda consternação, mas, apesar do desprazer, os limites amorosos são necessários porque dão consistências às relações. Em se tratando de crianças e adolescente, o limite amoroso representa um referencial de segurança e de presença de seus pais; quando, por exemplo, recebe um NÃO, a criança pode chorar e espernear, contudo, percebe que seus pais a amam e o quanto ela é importante para seus genitores.
René Sptiz, pesquisador da síndrome de privação afetivo-materna na primeira infância – a Depressão Analítica – falava-nos que o limite amoroso dado pelas pais, para a formação de sua personalidade (identidade), é tão importante às crianças quanto o amor que estes lhe dedicam.
As perdas – de um filho, de um amigo, da juventude, de um grande amor – representam momentos ou etapas dolorosas de vida, em que o desprazer sobrepõe-se ao prazer de uma maneira muito intensa, existindo situações em que a dor desvincula aquele que a vivencia dos momentos de prazer desfrutados com a pessoa que se foi ou com a etapa de vida vivida, como se o desprazer-dor apagasse todo um passado. Mas como o prazer é uma capacidade instintiva, existe a possibilidade do seu resgate, de uma forma espontânea ou se necessário, com ajuda especializada.
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Prazer e Sexualidade |
A sexualidade é muito mais abrangente do que o sexo, porque o sexo é uma das suas manifestações. Basicamente, a sexualidade é a conexão com o prazer pela vida, com a pulsão primordial, que remonta à origem da vida.
Em razão de toda nossa história de vida, que passa pelas influências familiares e culturais que recebemos, é difícil perceber os fantasmas, dificuldades e preconceitos relacionados à sexualidade. Quantos já admitimos que dicotomizamos prazer & sexualidade & infância ? Como um bebê pode sentir prazer ao ser amamentado, banhado, acariciado ? Uma criancinha é um anjinho e os anjos são assexuados ! E quando os nossos anjinhos entram na pré-adolescência e descobrem a masturbação ?
E prosseguimos, ao longo de nossas vidas, carregando o nosso legado de culpa e medo em relação à sexualidade. Quando pensamos em sexualidade, por exemplo, nos vem logo a imagem de adultos e nos esquecemos que as pessoas mais velhas são biologicamente capazes de vivenciar o prazer, inclusive no seu contexto sexual. Quantos de nós já imaginou os nossos avós tendo uma maravilhosa noite de amor ? As novas gerações também recebem informações e aprendem comportamentos contraditórios em relação à sexualidade. Sempre nos esquecemos que as crianças percebem e registram em seus corpos, antes mesmo de compreendê-los, os conceitos, valores, sentimentos e emoções que recebem de sua família e do meio cultural.
Na década de 70, primeira experiência sexual, para as mulheres, era pintada com dor, sangue e vergonha.
Se biologicamente todos somos capazes de vivenciar prazerosamente a nossa sexualidade, a cultura limita-a e deforma-a.
A teoria psicanalítica indica que tudo começa entre, de um lado, o biológico (o soma, a carne e a genética) e, de outro, o psicológico ( o psíquico, a alma e o comportamento). Enfim, tudo começa no campo das pulsões de vida e de morte, ou seja, com sexualidade e violência. Inaugurado com o nascimento a nossa própria finitude, a qual, desenvolvemos mecanismos de defesa, especialmente o da negação da morte.
A fonte da sexualidade é o corpo biológico. Suas manifestações se dão na esfera psíquica, onde habitam as fantasias, os desejos, as paixões, o amor e os impulsos eróticos de toda espécie; tanto quanto os medos, as inibições, os bloqueios e os impedimentos. Ou pulsões de vida e de morte, representadas respectivamente, na mitologia, por Eros e Thanatos.
O desenvolvimento sexual infantil é seguido de um período de latência, marcado por registros estruturantes para a vida toda, nas diversas fases da oralidade, analidade e genitalidade. Em torno de 12 anos já estamos na adolescência. Maturidade biológica das gônodas sexuais, hormônios produzindo seus efeitos e os impulsos afetivos-sexuais se manifestando à flor da pele. Ambos os sexos começam a viver uma nova fase, exuberante de emoções eróticas e de desejos um pelo outro. Amar e ser amado, desejar e se desejado. Abraçar, acariciar, beijar, penetrar e ser penetrado. Enfim satisfazer as necessidades básicas sexuais.
Uma luta intrapsíquica se trava, muitas vezes, entre o desejo e a censura. Entre o sujeito e as normas sociais internalizadas. Entre as paixões desvairadas e a lei. Limites são importantes para que haja a organização do caos. Mas o destino disso tudo está diretamente relacionado com a maneira como a personalidade vai ser estruturada.
Segundo Igor Caruso, “O desenvolvimento individual da sexualidade depende de dados biológicos, ignorá-los é desconhecer a base do comportamento sexual. Mas a dependência originária e dinâmica se transforma numa dependência social. Ignorar esta última é desconhecer o condicionamento da evolução do sexo. Os mecanismos desencadeadores inatos, que condicionam a autogênese do comportamento sexual, são sobredeterminados pelas modificações de atitudes do ego, no seio de uma estrutura histórica e social determinada.” (CARUSO, 1970), veremos se organizar uma estrutura que, do ponto de vista estatístico, podemos chamar de normal. Na verdade, o social entra com suas contradições, pois a sociedade é feita de “normais”, de neuróticos, de perversos e de psicóticos, cada um se esforçando para gozar do jeito que foi estruturado para fazê-lo.
Assim, a sociedade organiza leis, impõe a sua observância e, ao mesmo tempo, cria vários dispositivos que permitem a transgressão da lei.
Uma das manifestações primitivas do ser humano é a utilização do próprio corpo na busca de prazer e recompensa.
Segundo Contrardo Calligaris, “O desejo sexual não é o desejo da outra pessoa, mas de um objeto, algo que satisfaça uma fantasia. O sexo não tem nada a ver com o amor. Este, às vezes, reprime o sexo, porque determina comportamentos. A sociedade reprimida mascara o ato sexual e define que todos os comportamentos, fora da margem dos bons sentimentos, são anormais. Mas o que muita gente não sabe é que, se os desejos reprimidos fossem liberados e cada um entendesse que a sua fantasia pode ser vivida em plenitude, seria um indivíduo mais satisfeito, não só nas relações sexuais, mas em toda a forma de se relacionar com o mundo exterior e sem qualquer tipo de agressão a si e ao outro.” ( CALLIGARIS, 1992).
Vinícius de Morais, já lembrado como um dos maiores cantadores do amor. Talvez os perigos sejam maiores ainda para aqueles que não estejam apaixonados pela vida ou que não se encontrem sempre no estado nascente de enamoramento. Este é um belo risco que todos devemos correr ou estaremos conectados ao erro, à solidão, e a uma vida prosaica, já que o amor faz parte da poesia da vida. Todos nós, cada qual da sua maneira, trazemos registradas em nossa história pessoal experiências diluídas ou cicatrizes profundas em torno de uma vivência amorosa que guardaram um sabor amargo, e que revelam de forma patética a indigência afetiva que caracterizam tanto homens quanto mulheres de nossa época.
Até bem pouco tempo, o casamento, inclusive legalmente, era uma relação desigual, vertical em que o “cabeça do casal” exercia uma função de pater familias. Hoje as coisas mudaram e as mulheres conseguiram o direito de votar, de ingressar no mundo do trabalho e do saber, mas ainda estamos muitos distantes de conhecer como construir na intimidade uma relação horizontal e estética e aprender a viver com nossos parceiros.
Coube a nossa geração colocar em prática as conseqüências afetivas desta igualdade, embora na prática os avanços sejam lentos e nossos modelos mentais continuem ainda presos aos antigos papéis sociais. É preciso construir novas representações sociais para esses papéis e isso se faz pelo exercício diário de uma relação a dois com nossas bases comunicativas e pelo reconhecimento de que necessitamos vitalmente do outro, mas que não podemos pagar o preço da nossa singularidade em nome da dimensão afetiva que necessitamos. Temos, a cada dia, vinte e quatro horas para intervir e alterar o que não vai bem, por meio de pequenas mudanças de gestos, de palavras, de percepções de atitudes, de sentimentos que constituem o embrião das grandes mudanças que fazem a diferença.
O fato é que, queremos viver um relacionamento gostoso e verdadeiro, antes, porém, devemos aprender a nos aceitar como somos e olhar para o companheiro como um caminho para o crescimento. Estar com alguém plenamente é a possibilidade de vencer o medo da entrega e de se conhecer no íntimo.
Conviver com alguém que amamos é o mesmo que comprar um imenso espelho da alma, no qual, cada um de nossos movimentos é mostrado, sem a mínima piedade. E, é aí que começa o inferno... Em vez de encarar a verdade e de ver a imagem temida do verdadeiro “eu”, tenta-se quebrar o “espelho”. Como ? Fugindo da intimidade, culpando o outro, não assumindo as próprias responsabilidades e desacreditando o amor.
Apenas quando nos vemos é que percebemos o medo de nós mesmos e nos aceitamos como realmente somos. Começamos, então, a nos capacitar para o amor. Enquanto vivermos sob o domínio da neurose, com sistemas de comparações, jamais amaremos alguém com a intensidade que idealizamos. Amamos nos sonhos e ficamos sozinhos quando acordados.
Bem, parece-me que um dos maiores prazeres é justamente a chance de buscar nosso auto-conhecimento, por meio de tantas técnicas, especialmente da análise, quando podemos nos aceitar, conquistamos uma expressão espontânea e própria para nos guiar na senda das nossas múltiplas escolhas do que nos possa feliciar, dar-nos prazer, equilíbrio e harmonia.
Mas o amor, a sexualidade faz parte da natureza do ser humano, que sempre foi uma das maiores fontes de prazer e desprazer da humanidade.
A questão da sexualidade, antes, restrita aos profissionais do divã, passou na atualidade a ser impulsionada pela medicina, que a cada dia, descobrem novas causas orgânicas para os problemas sexuais de homens e mulheres, criando diversos medicamentos com promessas de cura desses males.
A Psicanálise foi o primeiro ramo da ciência que aventurou no tema do prazer e da sexualidade – o que talvez explique alguns equívocos de Sigmund Freud, a exemplo a teoria da inveja do pênis pela menina, teoria hoje, controversa, e a outra teoria é de que as mulheres que não tinham prazer com a penetração foram chamadas de “frigídas”. Oficialmente, apenas em 1953, com o célebre estudo feito por Alfred Kinsey, a ciência aceitou que era o clitóris, e não a vagina, o gatilho do prazer ou do orgasmo feminino. Seguiu-se a revolução sexual. Sendo um grande marco para a humanidade na compreensão que se chega na atualidade. De toda forma, a histeria é considerada o fator preponderante para a manifestação da frigidez, à luz da psicanálise ainda, na atualidade.
A antiga máxima que diz que os opostos se atraem, hoje é contraditória sobre as noções que temos sobre as diferenças estratégias de acasalamento praticadas por machos e fêmeas, derivadas da teoria do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) e defendidas, hoje, pela psicologia evolutiva. Interpretando a formação de casais à luz dos elementos culturais e começa abrir espaço para contestações.
Apesar de a espécie humana ser guiada pelo instinto da preservação, fatores culturais e pessoais são decisivos na escolha de parceiros. Por isso, é impossível pensar em um modelo único de seleção de parceiros seguido desde os nossos ancestrais pré-históricos. Hoje, com a evolução do feminismo, as mulheres reestruturam toda a forma de relacionamento interpessoal.
Antigamente, para a sobrevivência da espécie, era indispensável que os homens fossem fortes, ágeis, bons caçadores. Isso permaneceu durante muito tempo no inconsciente coletivo das mulheres. Mas hoje, as mulheres têm a própria liberdade, o que elas querem é um homem que possa lhes proporcionar segurança afetiva. Hoje, há uma tendência de buscar companheiro com valores parecidos com os seus enfrentando menos conflitos no relacionamento.
Contudo, em todos os tempos, o amor, o prazer, a convivência em pares, e na sociedade sempre foi anseio orientar na vida do homem, que quando consegue viver com qualidade de vida, possibilidade de expansão contínua da felicidade e a realização progressiva de objetivos compensadores, sente-se com sucesso na vida, e ainda, observa-se serem esses, componentes vitais, para uma longevidade saudável.
Observei nesse estudo que o prazer em todos os níveis de expressão do desejo genuíno e da sua realização para o ser humano, nada mais, é tão importante e vital para a sua saúde do que viver prazerosamente, portanto, a saúde está intimamente ligada ao prazer.
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Bibliografia |
- COLANSANTI, Marina, POR FALAR EM AMOR, 3ª Edição, 1984, Editora ROCCO Ltda.
- CRUSID, Joseph, NEUROANATOMIA CORRELATIVA & NEROLOGIA FUNCIONAL, 1970, R.J. Editora GUANABARA KOOGAN SA.
- FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, DICIONÁRIO ESCOLAR DA LINGUA PORTUGUESA, 1988, R. J. Editora NOVA FRONTEIRA
- GOLEMAN, Daniel, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, 16ª Edição, 1995, EDITORA OBJETIVA, RJ-RJ
- GUYTON, Arthur, NUEROCIÊNCIA BÁSICA – ANATOMIA E FISIOLOGIA, 2ª Edição, 1990, EDITORA GUANABARA KOOGAN, RJ
- LAPIERRE, Andre, A SIMBOLOGIA DO MOVIMENTO: PSICOMOTRICIDADE E EDUCAÇÃO/A . LAPIERRE E B AUCOUTURIER. Tradução de MÁRCIA LEWIS, 1986, ARTES MÉDICAS, Porto Alegre.
- Revista GALILEU, junho de 2002/Ano 11/ no. 131 – página 56 – editora Globo
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